sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"Um lago de águas negras e turvas.

O mais provável é ter estado sempre ali, escondido algures. Mas, quando chega a hora, extravasa silenciosamente, gelando todas as células do corpo.

Afogas-te nessa torrente cruel, lutando para respirar. Sobes até alcançar um respiradouro ao pé do tecto, sem nunca deixares de te debater, mas o ar que chega até aos teus pulmões é quente e seco e queima-te a garganta.

Água e sede, frio e quente - estes elementos, aparentemente opostos, combinam-se para te subjugar"

In "Kafka à Beira Mar", Haruki Nurakami

2 comentários:

Anónimo disse...

Ou seja, não há como escapar?
Uma alegoria à crise que nos assola?

Anónimo disse...

Este é dos dos livros que mais me fez pensar nestes últimos tempos da minha vida...

"Sentes o peso do tempo como um velho sonho ambíguo. Continuas sempre em movimento tentando arranjar maneira de te esquivares. Porém, mesmo que vás até aos confins do mundo não lograrás escapar-lhe. Mesmo assim, não tens outro remédio senão seguir sempre em frente, até esse fim do mundo. Há algo que não se consegue fazer, sem chegar lá. "